sábado, 28 de agosto de 2010

Enterrada em poemas antigos, com vozes fortes falando de amor e da cama e dos dias e dos sonhos e do futuro e da mulher e do dom ... e li tudo como se fosse a primeira vez

chorei

...


E o futuro nao é poesia, nem poemas, nem registros...
O futuro pode ser o poeta
e cabe sempre tanto amor no poeta que ele sequer escolhe o que amar
ele vive

intensamente.

Paratodos - Chico Buarque

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro
Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas
A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho
Contra a solidão agreste
Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto
Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista
Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

a que desencontro me encontras
que fascínio se rege esse enlaçar almas
como cavar em sua mais bela forma o amor
a menos houvesse pá e espaço suficiente

que desencanto encantado
e fala de verdade quando nem ao menos é natureza

ha quanto te falei meu amado
sejamos então um só
e a todo cargo viria o resto

e o veio em desordenada espera
e veio tudo junto assim como seria
em nossos largos sonhos
nenhuma perfeição

por fim, nos dois
nesse ato
somos apenas dois humanos que amam.