domingo, 25 de outubro de 2009

era triste, ve-lo ali sem um axílio.
partia o coração de quem passava.
era de fato uma crueldade.
não deveriam fazer isso com ele.
mas lá estava , todos os dias.
de pé , sem se mover.
sem duvida era um cone, muito sujo.

Tapindaré
tudo o que foi amado em cada pedaço, o que não existia
a fantasia
o pensamento
a ilusão
a fome de imaginar livremente
um desejo de possuir
um conto.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

descansavam deitados no algodão que navegava no largo acúmulo de água na fonte das incertezas, foram visto em um espelho de sentimentos líquidos, através de um binóculo que se perdeu a tempos nas pétalas gigantes dos caminhos, a água evaporou e fez-se chuva de orvalho; os algodões logo nuvens se dividiram em múltiplos pedaços rasos; e foram levados com a chuva, vagaram e separaram-se pelas correntes de ar, para mundos distantes, e nem desconfiam que o espelho os viu deitados de bruços no vento, com os pés a balançar, com um binóculo de cravos cravados entre a testa e o nariz, um em cada emisfério flutuante, olhando de longe, para longe, observando se ainda havia algum reflexo na fonte que se escondia atrás do algodoeiro.
A sociedade que repousa sobre a indústria moderna não é fortuitamente ou superficialmente espetacular, ela é fundamentalmente espetaculista. No espetáculo da imagem da economia reinante, o fim não é nada, o desenvolvimento é tudo. O espetáculo não quer chegar a outra coisa senão a si mesmo.
...
A filosofia enquanto poder do pensamento separado, e pensamento do poder separado, nunca pode por si própria superar a teologia. O espetáculo é a reconstrução material da ilusão religiosa. A tecnica espetacular não dissipou as nuvens religiosas onde os homens tinham colocado os seus próprios poderes desligados de si: ela ligou-os somente a uma base terrestre das vidas que se toma opaca e inrrespirável. Ela já não reenvia para o céu, mas alberga em si a sua recusa absoluta, o seu falacioso paraíso. O espetáculo é a realização técnica do exilio dos poderes humanos num além; a cisão acabada no interior do homem.
À medida que a necessidade se encontra socialmente sonhada, o sonho torna-se necessário. o espetáculo é o mau sonho da sociedade moderna acorrentada, que ao cabo não exprime senão o seu desejo de dormir. O espetáculo é o guardião deste sono.


Debord - A sociedade do espetáculo.

domingo, 18 de outubro de 2009

abri a bolsa, o estojo estava jogado em algum lugar e eu quase o alcancei com a mão esquerda, a bolsa exalava o odor de cigarros consumidos - fedia -, consequência da mania inútil de jogar as bitucas na bolsa e não no chão, e nem sempre é assim, o que ainda torna esse odor mais angustiante, o que por sua vez me faz pensar se não é esse o cheiro que exalo pela boca, seria terrível se fosse e só consigo pensar que deve ser análogo a isso, pego também a carteira de cigarro e o fósforo, eu uso fósforos agora, estou cansada de perder os isqueiros e de ficar observando quem fuma para pedir que acenda meu cigarro quando já deveria estar acabando de consumi-lo.
alcancei, o estojo, a carteira e a caixa de fósforo.
dois lápis grafites, menos de duas dezenas de lápis coloridos, algumas cores repetidas
em tamanhos diferentes, alguns sem ponta, uma borracha e o apontador.
sem episódio, rabisquei o papel sem dá-lo forma, ou sombra, ou profundidade, ou risco...
As pessoas vagam nos meus aforismos.
Observei que o lápis estava solto, com cavidades internas não preenchidas, o que o fazia dançar livre por dentro do revestimento...
Quando se quebra a ponta, instala-se um espaço oco dentro, curto e visível, mas não era assim, só a ponta, estava por inteiro solto, pensei ser esse o motivo do desenho vago, era culpa do lápis
peguei outro, para minha surpresa padecia da mesma distorção, e todos os outros estavam assim
Decidi solta-los, para alguns não foi preciso muito empenho, ao tocar na ponta e puxá-los, eles foram se lançando para fora, deslizando pela carcaça, os sem ponta causaram-me mais dificuldades, precisei colocar a ponta oca na minha boca e sugar forte o ar, após o primeiro chegar com tamanha força a minha garganta, quase impulsionando o vômito, me ative que não necessitava tamanho entusiasmo, tratava-se de sugar devagar sentindo a ponta tocar a metade de língua, feito isso, deslizaria facilmente.
os coloridos
os grafites
me dei conta que não mais usaria a apontador, não mais ficaria minutos delicadamente apontando um lápis e ele quebraria, me obrigando a refazer todo o caminho, com ainda mais cuidado.
acendi um cigarro, fiquei olhando a folha, antes de tragar coloquei a mão sob a boca, assoprei e puxei vagarosamente o ar pelo nariz, o comparando ao cheiro da minha bolsa.
não era fácil usar o lapis nu, fino, delicado... o medo de quebrá-lo era recorrente.
rabisquei... rabisquei a folha incontáveis vezes, livremente.
parei
coloquei os lápis novamente no estojo e os joguei na bolsa
pensei, agora eles se quebrariam com mais facilidade, eu deveria ter mais cuidado ao usar a bolsa, ou jogá-la no chão, ou na mesa, ou me encostar nela na cadeira do ônibus , ou se ... ou não deveria ter tirado a proteção.
abri a bolsa, peguei novamente o estojo, abri, tentei colocá-los novamente, um a um nas carcaças que estavam sobre a mesa, elas entravam facilmente, mas nao permaneciam.
comecei então a quebrá-los em múltiplos pedaços, antes que sozinhos em minhas andanças se quebrassem.
devolvi os grafites e os coloridos para o estojo, agora em muitas dezenas, continuei usando o resto para rabiscar
por fim, tudo voltou para a bolsa
os grafites, os coloridos, as carcaças, a borracha que não consumi e o apontador que não mais usaria, o cigaro e a caixa de fósforo.
olhei fixamente a folha sozinha na mesa
consegui alcançar o rabisco
no avesso profundo dos traços em branco.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Óh, nem pressa, nem espanto
de onde venho vindo
não há nada se não algumas nuvens o vento e o terral
e já foi diferente

não há chão, nem parede
nem cartas secretas
foi a metáfora
foi a interpretação do impróprio
pensamos e.


eu danço sozinha na praia com os fones nos ouvidos

e olho para o lado contrário dos prédios, dos carros e das pessoas

não haveria de ser, eu danço sempre sozinha e não me importaria se você estivesse sentado observando, eu olho onde não alcanço, e os pés e as pisadas de outras pessoas e piso na areia molhada que seca e apaga, depois fecho os olhos sentindo por dentro, eu não consiguiria vê-lo.
também não danço, me sento e observo o lado contrário, com as letras que vagam por dentro.


e quando lemos os olhos, isso me parece fantástisco, e não digo nada, músicas sem palavras.
.


O Começo do dia de um homem americano

O cidadão norte-americano desperta num leito construído segundo padrãs originário do Oriente Próximo, mas modificado na Europa Setentrional, antes de ser transmitido á America. Sai debaixo de cobertas feitas de algodão cuja planta se tornou doméstica na Índia; ou de linho ou de lã de carneiro, um e outro domesticados no Oriente Próximo; ou de seda, cujo emprego foi descoberto na China. Todos estes materiais foram fiados e tecidos por processos inventados no Oriente Próximo. Ao levantar da cama faz uso dos "mocassins" que foram inventados pelos índios das florestas do Leste dos Estados Unidos e entra no quarto de banho cujo aparelhos são uma mistura de invenções européias e norte-americanas, mias e outras recentes. Tira o pijama, que é vestiário inventado na índia e lava-se com sabão que foi inventado pelos antigos gauleses, faz a barba que é um rito masoquístico que parece provir dos sumerianos ou do antigo Egito.
Voltando ao quarto, o cidadão toma as roupas que estão sobre uma cadeira do tipo europeu meridional e veste-se. As peças de seu vestuário têm a forma das vestes de pele originais dos nômades das estepes asiáticas; seus sapatos são feitos de peles curtidas por um processo inventado no antigo Egito e cortadas segundo um padrão proviniente das civilizações clássicas do Mediterrâneo; a tira de pano de cores vivas que amarra ao pescoço é sobrevivência dos xales usados aos ombros pelos croatas de século XVII. Antes de ir tomar o seu breakfast, ele olha a rua através da vidraça feita de vidro inventado no Egito; e, se estiver chovendo, calça galochas de borracha descoberta pelos indios da América Central e toma um guarda-chuva inventado no sudoeste da Ásia. Seu chapéu é feito de feltro, material inventado nas estepes asiáticas.
De caminho para o breakfast, pára para comprar um jornal, pagando-o com moedas, invenção da Líbia antiga. No restaurante, toda uma série de elementos tomados de empréstimos o espera. O prato é feito de uma espécie de cerâmica inventada na China. A faca é de aço, liga feita pela primeira vez na Índia do Sul; o garfo é inventado na Itália medieval; a colher vem de um original romano. Começa o seu breakfast com uma laranja vinda do Mediterrâneo Oriental, melão da Pérsia, ou talvez uma fatia de melancia africana. Toma café, planta abissínia, com nata e açúcar. A domesticação do gado bovino e a idéia de aproveitar o seu leite são originários do Oriente próximo, ao passo que o açúcar foi feito pela primeira vez na Índia. Depois das frutas e do café vêm waffes, os quais são bolinhos fabricados segundo uma técnica escandinava, empregando como matéria-prima o trigo, que se tornou planta doméstica na ásia Menor. Rega-se com xarope de maple, inventado pelos indios das florestas do Leste dos Estados Unidos. Como prato adicional talvez coma o ovo de uma espécie de ave domesticada na Indochina ou delgadas fatias de carne de um animal domesticado na Ásia Oriental, salgada e defumada por um processo desenvolvido no Norte da Europa.
Acabando de comer, nosso amigo se recosta para fumar, hábito implantado pelos índios americanos e que consome uma planta originária do Brasil; fuma cachimbo, que procede dos índios da Virgínia, ou cigarro, proveniente do México. Se for fumante valente, pode ser que fume mesmo um charuto, transmitido á América do Norte pelas Antilhas, por intermédio da Espanha. Enquanto fuma, lê notícias do dia, impressas em caracteres inventados pelos antigos semitas, em material inventado na China e por um processo inventado na Alemanha. Ao inteirar-se das narrativas dos problemas estrangeiros, se for bom cidadão conservador, agradecerá a uma divindade hebraica, numa língua indo-européia, o fato de ser cem por cento americano.
- Numa época em que os norte-americanos viviam um grande desenvolvimento material e os seus sentimentos nacionalistas faziam crer que grande parte desse progresso era resultado de um esforço autóctone, Ralph Linton escreveu o presente texto. -

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

caminho leviano da força, o sorriso da razão chora na face de um ninguém
o parasita corre da vagueza encantadora para os que se encantam com o caminhar que leva ao nada

finalmente só, logo percebe que é dependente de companhia, não consegue viver sem a solidão que o acompanha.


e prova mais uma vez a si mesmo que não precisa provar nada a ninguém, sempre provando algo, desaprovando o resto.


lembra que nunca se sabe quem é

sabe que se torna mais um ninguém em busca de um caminho novo no já conhecido de si mesmo.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009



O mundo fora da minha cabeça tem janelas, telhados, nuvens, e aqueles bichos brancos lá embaixo. Sobre eles, não te detenhas demasiado, pois correrás o risco de transpassá-los com o olhar ou ver neles o que eles próprios não vêem, e isso seria tão perigoso para ti quanto para mim violar sepulcros seculares, mas, sendo uma borboleta, não será muito difícil evitá-lo: bastará esvoaçar sobre as cabeças, nunca pousar nelas, pois pousando correrás o risco de ser novamente envolvida pelos cabelos e reabsorvida pelos cérebros pantanosos e, se isso for inevitável, por descuido ou aventura, não deverás te torturar demasiado, de nada adiantaria, procura acalmar-te e deslizar para dentro dos tais cérebros o mais suavemente possível, para não seres triturada pelas arestas dos pensamentos, e tudo é natural, basta não teres medos excessivos - trata-se apenas de preservar tuas asas.
- caio -

domingo, 11 de outubro de 2009

Naquele momento a compreenção já não era tão importante, eu não iria dizer nada, apenas ouvir aquelas palavras vagas e sem sentido, elas se fazia sem porquês, despensadas - sem pensamento - era mais um desejo de auto-afirmação, não uma afirmação de algo que pensa se saber, algo ainda mais vago, apenas por falar, ser aceita, produzir alguns risos, ou réplicas sem sentido e nada mais. Eu parecia desinteressada, mesmo estando apenas parada olhando o que a eles parecia ser um nada, olhando uma árvore renascentistas, nunca soube o nome científico dela, mas para mim sempre foi a árvore renascentista, foi esse o nome que eu a dei e a mim bastava assim vê-la. Nos olhares eu percebia que eles esperavam que eu fizesse parte dos risos, natural naqueles encontros, mesmo sem achar graça, mesmo todos não achando graça nenhuma e rindo como um bando de patetas inquietos querendo dar fim a uma conversa a qual alimetavam com sorrisos mentirosos. Ainda tentei falar algo sobre os jornais, as novelas e seus comandantes, um assunto que encarei como possível para um almoço de família no domingo, eu nem sequer falei das mentiras presentes, ou dos comandantes que ali estavam, mas logo veio como relâmpago as críticas, minha revolta agora confirmada e mais um tanto de afirmações que pelo menos eram verdadeiras, eles acreditavam que eu estava fora dos padrões aceitáveis para um encontro de família, e isso ao menos trouxe algum tipo de sinceridade a conversa, logo me calei e eles voltaram a falar, do que se fez no passado, ou de suas posturas, quanto a isso ou aquilo, que sempre se desfaziam nas atitudes, no proceder dos dias. Observando, percebi os olhares se criticando a cada palavra auto-afirmativa, e ao mesmo tempo se apoiavam com os sorrisos e com outras histórias seguindo o mesmo ritmo, um diz algo inútil, o outro completa e isso procedeu a tarde inteira. Eu comi, me fartei de sobremesa e continuei a olhar o balanço e o quadro renascentista, gosto do bolo de café e do pudim, o arroz, o bode e a farofa de carne seca me fartaram a arvóre renascentista não menos.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Me acalma e ordena soberano o desejo de possuir, que pela ausência se acalma. Quando colidido em meu íntimo, o quero, nem imagino a forma, desagrupada, dispersa, intensa. Pelo desejo, desejo. Esqueço que desejo mais do que parece, despeço-me com a timidez que me cabe. Querendo deixar perto, tento jogá-lo para fora, e retrocedo na busca, sem certezas de encontro. Olhares, gestos - eu sinto e. nada mais, me deixo ir. Humana desesperada nas dúvidas vagas, pertinentes, sentindo o que quer e pensando esconder o que sente, crente no surreal, vive a realidade. Cansada abre os braços e se derrota pela força que acredita ter. Inquieta, não liga por querer, e quer e deixa, na volta continua indo, consumindo-se, sem calmaria. Um desencontro, encontrado, amado nos termos, nos gozos, no apertar das carnes, nos olhos dos encontros.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Habituado no seu tempo, eleito os instantes, algo como deitar e dormir após inúmeros porres ou talvez aspirar o desandar, voltar para si. Preferência desapegada a provável desventura, a possibilidade de jazer o cansava pela desesperança, há tempos não apreciava vozes, frases repetidas, flor morta no livro velho, saudades. O gosto lapidava-se para o sugar profundo das pequenas formas, das sombras, das bocas, da brisa. As migalhas honestamente possuídas, se possuíam por partes, com a euforia calma do por vir. A pouco se via enormes muretas de vidro, de formas grandiosas, admirável se rompidas por raios de sol, matéria morta, na escuridão das noites des.luadas. Elegera no árduo rescindir de murros, os cacos, finos, pontiagudos, translúcidos e alucinantes, eloqüentes formas voadoras, quase imperceptíveis, nem sol, nem lua, vento alçando os cacos, os pós, nos olhos. Vibração na textura, saliva no aroma transpirado. Imêmore de si, sorrisos cegos nos cacos embebidos, caminhos retos nas curvas, curvas labirínticas. Dentro e fora, por vezes fora o mesmo e mesmo na imaginação sem cautelas, na essência que parada se move, habituado ao apreço de cada instante - desacobertado de si, também desacoberta - cegos pelos cacos, limpos pelos pós em carne aberta.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

nada de quereres infinitos, basta ser como se saceia a fome intensamente todos os dias.
nada de muito possuir, só como se possui a entrega de uma música sem palavras.
nada de esquecer completamente como se esquece o que aconteceu quando ainda feto.