segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Cronos e kairós

o tempo não fica
não retrocede
não tem pressa
e eterniza

Os ponteiros do relógio continuam a girar
em sentido horário, segundo após segundo
minuto após minuto
hora após hora
concluindo um dia
concluindo os meses
e os anos
e segundo após segundo
ele caminha sem pressa
caminha por que isso é o que lhe resta
e ninguem lhe dá o descanso da morte final
um relógio falece, confuso se quebra
existem outros tantos para continuar
iguais
sugando segundos, minutos e horas
marcando o tempo, atemporal


e do hoje somos escravos, pela palavra e pelo tempo.

Hoje acaba e cabe em 24 horas marcadas pelo relógio
e ontem
se fez ontem exatamente igual
assim se fará amanhã
momentos inteiros cabendo em horas e dias e meses e anos
e assim sendo sempre lembrados
no dia tal do ano tal e em certa hora, cabem os acontecimentos

Nada que foi feito ontem
Pode ser desfeito
nada que está sendo feito agora
pode ser mudado amanhã
e o dia cabe e acaba em 24 horas.


Somos escravos do tempo
Somos escravos do que pensamos sobre o tempo
Somos submetidos incansavelmente pelo ontem
Pelo que fizemos - pelo que fomos
e pelo hoje, pelo agora
por horas e minutos e segundos
e o que faremos com elas

o relógio diz
incansavelmente
alguma dada hora
que marca o tempo
roda gigante
onde se foi, se retornará
assim como o relógio
os ponteiros, os números
sempre os mesmos
o tempo de rotação entre um número e outro
iguais
e nós os procuramos
como se nele houvesse sempre algo novo para lembrar.








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